quarta-feira, 23 de março de 2016

Hérnia de disco e Yogaterapia - Post 1

Certa vez um aluno (vou chamar ele de "M") fez o seguinte questionamento.

"tenho hérnia de disco, a nível de L3/L4, L4/L5 e L5 e S1, meu médico recomendou que eu não praticasse mais Yoga, pois poderia agravar o problema, o que me deixou muito incomodado, pois me sinto muito bem na prática, será que tem outra maneira de eu realizar as posturas?"

Quando ouvi o  questionamento realizado por "M", comentei para ele, que mesmo parado as chances da lesão se agravar seriam muito grandes, e que  por isso não precisaria deixar de realizar a prática. Neste caso deixar a prática de Yoga não seria uma opção, porém ele deveria aprender a conviver com seu próprio corpo que, agora estava machucado, que certamente já não teria a mesma eficiência que antes e acima de tudo deveria ser respeitado (neste caso não da para fazer o que se fazia antes).

Após realizada nossa primeira conversa sugeri que investigássemos a possível causa da lesão, como já o conhecia, sabia de algumas limitações físicas principalmente localizadas na cadeia muscular posterior de membros inferiores, que poderia indicar uma forte ligação com o surgimento da lesão na região lombar, além disso a função que ele exercia (no caso TI) indicava (e também confirmado por ele) que trabalhava muitas horas sentado. 

Outros elementos foram levantados durante a investigação. Com as primeiras informações que ele havia me passado, começamos a trabalhar de uma forma que sua prática, criasse espaço no corpo (corpo este que passava horas do dia fechado), este tipo de atitude postural concentrava parte das forças, justamente na região baixa da coluna lombar, depois de criar este espaço, trabalhar a força necessária para sustentar as estruturas musculares (parte destas estruturas estavam tensas, outras sem tônus de sustentação), sempre priorizando o trabalho da inteligência corporal, com comandos precisos e específicos para o caso dele.


A prática de Yoga geralmente pode vir a ser generalizada pela comunidade cientifica, neste caso devemos buscar compreender o foco da prática que esta sendo realizada, o ideal até mesmo de acordo com a tradição é que as aulas fossem conduzidas individualmente, mas fatores relacionados aos custos (tanto para os professores como para os alunos) podem acabar pesando, mesmo as aulas em grupo não deveriam priorizar malabarismos, até por que nem sempre o professor (figura responsável pelo que ensina) pode estar atento a tudo que ocorre no corpo do aluno, neste caso o mais interessante seriam as aulas que priorizem o conhecimento do corpo através de movimentos simples, sukshma vyayam, pranayamas, técnicas que trabalhem a concentração e conduzam a meditação, posturas restaurativas, ou um numero menor de posturas que permitem um aprofundamento nas ações que são criadas durante a sua execução, neste caso repetir as posturas algumas vezes pode ser muito interessante.

No caso de uma pessoa que traz uma história de lesão (hérnia de disco), sempre ficar atento aos sinais que aluno apresenta, a forma como se movimenta, a forma como respira, os movimentos faciais, tudo isto pode indicar que a prática pode estar sendo forte de mais. 

No mais, sim a prática de Yoga pode ser realizada e deve ser adaptada em cada momento da vida, e quanto mais pudermos compartilhar que a prática de Yoga é muito mais do que aparece em revistas especializadas ou em videos no Youtube, certamente não somente a comunidade médica (no geral) mas a comunidade científica, terão uma grande aliada no combate as lesões funcionais, traumáticas ou hereditárias, seja como uma pratica que possa vir a favorecer a qualidade do movimento, ou mesmo uma prática que pode melhor o padrão mental da pessoa que a realiza.

Luz e paz  a todos!

Leonardo dos Santos

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